segunda-feira, março 30, 2009

Comemorações

Vale a pena ler esta notícia da imprensa regional.

segunda-feira, março 16, 2009

Ainda o Clubinho

Em parte concordo com o que aqui é dito.

sábado, março 14, 2009

Ficções 2.0

"Radio Free Albemuth" é um romance de ficção-científica, da autoria de Philip K. Dick, publicado em 1985. Brevemente resumido, o livro conta a história de Nicholas Brady, um indivíduo nascido e criado em Berkeley - mas que, a certa altura, se muda para Orange County -, e da sua luta contra uma América totalitária, entregue aos desmandos do tirano presidente Francis Fremont.
O propósito deste herói trágico começa a despontar no dia em que uma entidade extraterrestre entra em contacto rádio-telepático com ele, por via de um satélite que gira em órbita da terra há milhares de anos. Nestes seus diálogos com uma transcendência que nunca entrou "para as suas contas", Nicholas vê-se a braços com uma tarefa hercúlea: descodificar uma quantidade massiva de pistas que lhe são fornecidas, qual "download", por VALIS (Vast Active Living Intelligence System). Tudo com a finalidade de ele perceber qual o caminho mais certo para a tarefa que lhe foi cometida de libertar a América.
Ora, nesse mesmo processo, este protagonista, que contracena em discurso directo com o próprio autor da obra, confidencia-lhe que, na tentativa de compreender tudo quanto lhe é dito por essa voz oculta nos seus sonhos nocturnos, se viu obrigado a comprar a enciclopédia "Britannica".
Aparte o final dramático que se deixa à descoberta de todos os convivas da esplanada, este é o pormenor que me inspirou o presente post e relativamente ao qual esta pequena introdução apenas serve uma função contextualizante.
De facto, há já algum tempo que andava para lançar um même subordinado ao tema "antes do google". A analogia por ora proporcionada apenas me pareceu deliciosa. Passo a desenvolver.
Tendo em conta a data em que o romance foi publicado - 1985 - voltamos a uma época, não tão distante quanto isso, bem conhecida de todos com, pelo menos, 25 ou 26 anos, em que o processo pelo qual alguém adquiria informação era um pouco mais complexo do que clicar no botão do rato ou digitar uma entrada na barra de pesquisa do Google.
Com pelo menos duzentos anos de tradição, a bela da Enciclopédia sempre foi uma das ferramentas mais importantes para um conhecimento que se queria livresco, ainda que conciso, e mais ou menos rigoroso.
Uma espécie de mainframe de dados, em suporte de papel, dividida por grossos volumes que hoje se encontram compactados naquilo a que se veio a designar por "disco rígido".
Na verdade, e tomando como mero exemplo essa grande obra que era a "Enciclopédia Luso-Brasileira da Cultura", bastava saber procurar a entrada certa para adquirir um manancial de informação razoável acerca do tema que se pesquisava.
Mesmo quando não fosse esse motivo, a Enciclopédia dava sempre um toque decorativo ao lar de uma qualquer família que aspirasse a um suposto título de "gajos-cultos-até-têm-uma-enciclopédia".
Hoje nada é assim. Basta um laptop, uma ligação à net, e o problema está resolvido.
Não sei se me sinto muito bem com essa banalização, com a falta do ritual de ir à estante e procurar o tomo certo, procurar a entrada pretendida e ler... ler mesmo e não fazer um "scroll down".
Recordando, precisamente, com alguma nostalgia esses outros tempos, ainda recentes, não posso deixar de manifestar algum desagrado pelo desprezo a que foi votada a "Enciclopédia".
E quem diz a Enciclopédia, diz os livros ou qualquer outra forma escrita, em suporte de papel.
Será que não estaremos a perder dadas qualidades e a alimentar uma certa preguiça mental que nos faz apenas sentir apelo por aquilo que poderemos apreender quase por osmose - em contacto com um teclado, um rato e um monitor? Enfim, estupidamente rendidos às "tecnologias de informação".
De qualquer modo e à parte o toque vintage que me é querido,
Apenas quero, com este esboço de manifesto, que a Mariana, o Cachapa e o Ricardo falem, claro, de enciclopédias.

Arte 2.0

"Atlântico"
Rabiscos.

quinta-feira, março 12, 2009

Vigo, Alvalade e Allianz Arena

Há cerca de dez anos atrás, João Vieira Pinto pediu desculpa e não deixou de ser motivo de troça por parte de alguns.

Anteontem, a Administração da SAD do Sporting pediu desculpa pela maior derrota registada, em termos de agregado de eliminatória - doze golos, contra um - na Liga dos Campeões Europeus.

Engraçado, não é?

quinta-feira, março 05, 2009

Glossário Avulso

Palavra de hoje - Valdevinos

segunda-feira, março 02, 2009

O Burlesco

Em tempos, já terminados, de folia, partidas e piadas, tomei nota de três eventos que venho agora partilhar com os convivas da Esplanada.
1. Uma carrinha da EMEL foi alvejada por um tiro de pressão de ar, em plena avenida lisboeta. De acordo com a reportagem transmitida, o seu condutor, também zeloso técnico daquela "bem-amada" empresa, estava a levar a cabo uma verificação aos parquímetros da zona quando ouviu um tiro e, quase logo de seguida, deu conta de uma amolgadela no veículo. Segundo declarações prestadas, o senhor funcionário só encontra uma explicação para o sucedido - retaliação. Retaliação alimentada por um qualquer ódio acumulado contra aquela instituição que tem por hábito bloquear viaturas sem título de estacionamento válido, colar faixas amarelas na pintura metalizada e, um dia destes, barrar alcatrão por cima do condutor faltoso e cobri-lo com penas. O que fica no meio disto tudo é uma singela nota de mesquinhez. Mesquinhez de quem proporcionou ao pesaroso agente-de-uma-autoridade-obscura os seus cinco minutos de fama, enquanto "vítima". Mesquinhez dele próprio ao atribuir, sem quaisquer provas, tal acção a algum grupo terrorista que visa a destruição do sistema de estacionamento urbano e das pessoas que por ele olham. Mesquinhez da agressão, em si, por ser apenas uma "chumbadazinha" pequenina. Bem que podia ter sido uma bombinha chinesa ou mesmo um estalinho...
2. Numa Feira do Livro em Braga, a PSP apreendeu um livro cuja capa continha uma imagem de um quadro de Courbet, em que a farta cabeleira inferior de uma senhora da vida pariesiense está exposta. Pornografia, senhores! Pornografia! Realmente, Braga não é cidade conhecida pelo seu Carnaval, algo remetido para locais tão "coloridos" como a Mealhada, Loulé ou até mesmo a Figueira da Foz.
Mas sempre devemos perguntar: algum bracarense assistiu àquelas manifestações artísticas de primeira água, que tentam trazer essa cor tão linda do país irmão que é o Brasil? Se foi, terá tentado queixar-se junto das autoridades? As autoridades, por seu lado, terão sentido, naquele fim-de-semana, um impetuoso desejo de autuar alguma das alegres moças brasileiras que por ali andaram, na atitude louvável de preservar a ordem pública, a moral e os bons costumes? Censurando todas as manifestações artísticas que firam o gosto do povo português? Aguardam-se as respostas.
3. À parte as brincadeiras de Torres Vedras, que motivaram a actuação do magistrado do MP daquela comarca, o certo é que o Magalhães é um computadorzinho como deve ser. O controlo parental é uma ferramenta vital no sentido de prevenir que os petizes comecem a sua formação como críticos de arte, nomeadamente pintura e escultura, podendo até acabar como coleccionadores de "Courbet's". Na verdade, actividades tão simples como navegar para a página do Google, não estão ao alcance dos pequenos proprietários daquela maravilha da técnica. Os únicos sites considerados como fidedignos, de acordo com a configuração originária, resumem-se a essas páginas altamente didácticas em que o Governo dá a conhecer aos putos e a seus pais todo o esforço de inovação que está a realizar para que Portugal ocupe o seu mais que devido lugar entre as Nações mais civilizadas da Europa.
O manual para configuração doméstica é disponibilizado num ficheiro em formato PDF, que poderá ser encontrado, depois de uma aturada busca no site do e-escolinha.
Tudo sempre com o conselho aos pais para que preservem a moral, os bons costumes e a ordem pública (não esquecendo o votozinho em quem é amigo, quiçá) - valores tão queridos ao povo português.
Deste modo, o balanço que se retira não pode deixar de ser positivo. Depois de uns meses cinzentões e chuvosos, eis que uma malta, foliona e bem-disposta que nem uns malandros, sentiu o calorzinho e veio para a rua jogar ao Carnaval. E assim o País virou burlesco.