quarta-feira, julho 25, 2007

Literatura de Buvete


Milan Kundera foi um autor que conheci em idade relativamente jovem e, desde aí, tenho vindo a ler com interesse e prazer os seus romances.


Herdeiro de um pensamento condicionado por uma geografia política que moldou hábitos, estilos e percepções de vida diferentes - assentes, lá está, no dualismo imposto por um Muro -, Kundera é um mestre no que toca à sátira dos costumes, à reflexão sobre as paixões e os dramas humanos.


A cadência da escrita, o estilo, as considerações filosóficas, tudo isso contribui para uma obra sólida, coesa e que vale a pena conhecer.

E lembrei-me de Kundera para sugerir uma leitura agradável, ainda dentro do tema de conversas que se vão ouvindo nesta esplanada.


Na verdade, a trama de um dos romances mais hilariantes deste exilado Autor checoslovaco (sim, ainda checoslovaco), passa-se precisamente numas... TERMAS da Europa Central.


Assim, à beira da Catedral e no Buvete de umas quaisquer termas de Portugal, lê-se "A Valsa do Adeus".

terça-feira, julho 24, 2007

Termas III



Nesta esplanada, onde também se vai pedindo "uma água fresca, fáxabor", não nos podíamos esquecer das termas mais emblemáticas de Portugal.

Próximas da mata do Buçaco - um local também muito engraçado - damo-nos conta, pela visita à página, que estas termas são das poucas que ainda se mantêm fiéis à imagem clássica, desprovida de quaisquer eufemismos ou pretensiosismos espúrios.

De facto, pela consulta feita aos tratamentos disponíveis não temos cá Banhos de Vichy nem massagens de lodos nem algas.

Temos tratamentos para a sinusite e ginástica em piscina termal, isso sim!

Embora seja certo dizer que cada estância termal está destinada a certos fins terapêuticos, definidos em função das propriedades químicas das suas águas - que diferem de localização para localização - também certo será que, pelo conceito, do modo que é dado a conhecer, estas termas seguem uma linha muito mais sóbria.

Na verdade, nem de outra forma poderia ser. E falo por experiência própria. Não há nenhum glamour no tratamento de uma coisa tão aborrecida e inconveniente como a sinusite.

Por outro lado, a própria vila do Luso tem um toque vintage bem preservado - com o Grande Hotel a dar a cor local - que seduz qualquer nostálgico da série "Poirot".

E, depois, é agarrarmos nos garrafões vazios que vamos guardando em casa (eu por mim, detesto esse hábito) e rumarmos, com o povo, todos juntos, até às fontes públicas do Luso para os encher.

Como era o slogan? Água do Luso tão natural...

segunda-feira, julho 23, 2007

Termas II




E de S. Pedro do Sul, podemos sempre partir rumo à Curia, uma pacata vilória aqui da zona de Coimbra, de que eu sempre ouvi falar na minha infância como destino para o tal turismo sénior, retemperador das maleitas já aludidas no post anterior.
Contudo, este é um sector do turismo tuga que realmente está a mudar.

Resta saber se para melhor. Senão vejamos:

Se em S. Pedro do Sul, o que estava a dar era o D. Afonso Henriques trocar a sua armadura por uma bela toalha (relembrando todas as implicações inconvenientes que daí podem advir, devido a associações de ideias inevitáveis) e tratar as maleitas das batalhas, com o afamado banho de Vichy, o Spa - que é agora o nome moderno dado a estes locais pelas pessoas bem e de sucesso (mas também com um toque de novo riquismo bacoco) -, sito na Curia, propõe um tratamento de lodos e algas para a pele.
Por sessenta euros (doze contos de reis, caramba!), o termalista (palavra tão gira como campista) - ou agora será "spalista"??? - vê-se coberto por várias camadas do bom lodo viscoso que costumamos pisar no fundo das ribeiras e dos rios (coisa boa!), na promessa de uma pele que, em vez de suor, transpirará saúde, beleza e graça... E ainda tem direito a uma massagem de relaxamento!

E pronto... C'est trés chic! Ou não...

É que eu gostava de saber onde é que ficou aquele hábito muito mais saudável de ir para o buvete e estar ali a beber aguinha e pensar na vida. Para quê inventar tanto??? Para quê tanto elitismo apropriador?

Definitivamente, continuo a achar esta onda fashion muito abichanada!

quinta-feira, julho 12, 2007

Termas


Sempre tive a ideia de que passar uns tempos nas termas era para pessoas com um sortido de maleitas que normalmente vêm com problemas alérgicos ou então a consequência natural de um sossegado envelhecimento em que o que apetece mesmo é gozar os rendimentos que a reforma vai dando, depois de uma vida de aturado e árduo trabalho, que, não raras as vezes, sempre demonstrou alguma ingratidão para com o espírito e o corpo.

Contudo, as novas termas de São Pedro do Sul parecem ser algo de diferente.

Na onda dos spas, o Balneário D. Afonso Henriques (se ele soubesse que ia ficar associado a uma coisa tão abichanada... ai, ai!!!) oferece momentos de salutar lazer para todos aqueles que se lembram que têm de começar a ser saudáveis apenas nas férias.
Num qualquer acompanhamento ao mito metro-sexual, agora muito na moda, podemos dar-nos conta de que o banho de Vichy é supostamente uma experiência verdadeiramente única - quanto mais não seja pelo nome mais ou menos, digamos, "alegre" que tem.
Enfim, numa alternativa aos destinos tropicais, é só seguir até Viseu e consultar o Tom-Tom para o resto.
O sítio deve ser fácil de encontrar.